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sábado, 18 de janeiro de 2014

Cristiano Ronaldo, do bairro de Santo António ao topo do mundo

Vale a pena voltar a olhar para momentos fundamentais da carreira de um dos melhores jogadores da história do futebol numa altura em que conquista a segunda Bola de Ouro

Cristiano Ronaldo, do bairro de Santo António ao topo do mundo
Santo António fica na parte alta do Funchal. É uma zona menos nobre, onde vive muita gente com dificuldades económicas. Fica longe do luxo dos hotéis de cinco estrelas, do cais de embarque dos cruzeiros e dos restaurantes de peixe espada. A 5 de fevereiro de 1985 é uma zona do país como tantas outras, mas que vê nascer um prodígio do futebol: Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro.

Dinis e Dolores não sabiam o que tinham nas mãos quando pegaram nele, mas sabiam que tinham de homenagear o ex-Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, dando-lhe o nome de Ronaldo. Cristiano só queria saber da bola, ou de tudo o que pudesse servir de bola, para ir dando uns toques com os outros miúdos do bairro Quinta Falcão. Nascia um craque puro, que viria a ascender ao mais alto dos patamares do futebol, onde ficará ao lado dos outros imortais.



Bem cedo se percebeu que havia talento e aos oito anos vestiu as cores do Clube Futebol Andorinha de Santo António, onde o pai era técnico de equipamentos. A 1 de agosto de 1993, o «abelhinha» (como era chamado na altura) recebeu o seu primeiro prémio individual no torneio infantil Adelino Rodrigues, em que foi eleito o melhor jogador.

A primeira época oficial ocorreu em 1993/94 e o primeiro jogo oficial foi a 19 de dezembro de 1993, já com a camisola número 7, frente ao Câmara Lobos, tendo marcado um golo na vitória da equipa por 4-0. Em 52 jogos oficiais com o equipamento azul do Andorinha marcou apenas oito golos, mas despertou a cobiça dos dois grandes clubes madeirenses. Foi o Nacional que ganhou a corrida pelo jovem promissor, que valeu na altura 20 bolas e um conjunto de equipamentos para os infantis.

Na Choupana fica apenas duas épocas e desperta o interesse de Aurélio Pereira, do departamento de prospeção do Sporting. É contratado pelos leões em 1997 por 25 mil euros e vai viver para Lisboa, onde impressiona desde o primeiro momento.



Faz o seu trajeto nas camadas jovens, representando os sub-16, sub-17 e sub-18 até chegar à equipa B. Em 2002/03 é chamado por Lazlo Boloni à equipa principal e faz a sua estreia numa pré-eliminatória da Liga dos Campeões, com o Inter de Milão. Marca o primeiro golo em outubro de 2002, de cabeça, na vitória sobre o Moreirense. Usa a camisola 28 e ainda não é o monstro físico em que viria a transformar-se.

Em 2003, no jogo de inauguração do novo Estádio de Alvalade, com o Manchester United, dá nas vistas e Alex Ferguson já não o deixa escapar, elegendo-o como o sucessor de David Beckham. É contratado por 15 milhões de euros e passa a envergar a camisola 7 do mítico clube. Um novo desafio aos 18 anos.



Em Manchester viria a vencer tudo, inclusivamente o primeiro título como melhor jogador do mundo, para além de ter sido campeão inglês, europeu e mundial. 2008 foi o seu ano de ouro, pois conquistou a nível pessoal o prémio de Melhor Jogador do Mundo da FIFA, a Bota de Ouro e a Bola de Ouro da revista France Football, para além de a nível coletivo ter vencido a Premier League, a Liga dos Campeões e o Campeonato Mundial de Clubes. Também foi nesse ano que fez o seu primeiro hat-trick e envergou a braçadeira de capitão.

A época seguinte seria de transição e uma das que lhe correram menos bem. Bateu com o Ferrari num tunel, chegou à final da Champions e perdeu com o Barcelona, mas viu o seu golo ao FC Porto ser considerado o melhor do ano. Estava na altura de mudar de ares e no verão de 2009 aceita a proposta do Real Madrid, que já o perseguia há pelo menos duas épocas. A transferência de 100 milhões de euros bateu todos os recordes e é ainda hoje a mais cara de sempre.



A sua apresentação oficial acontece num Estádio Santiago Bernabéu repleto e com transmissão em direto para todo o mundo. Ao seu lado surgem Di Stefano e Ronaldo, o que serviu para imortalizar o momento. Ronaldo recuperava o sorriso e agradecia com um simpático «Hala Madrid».

No clube da capital espanhola torna-se uma máquina de golos, um líder e um rival à altura de Messi, que despontava no melhor Barcelona de sempre. Marca de todas as formas e mantém uma média de golos superior ao número de jogos, mas tem dificuldades em continuar a somar tantos títulos coletivos como acontecia em Manchester, ainda que tenha conseguido ser campeão espanhol num dos mais fantásticos campeonatos de sempre, com a equipa de Mourinho a somar 100 pontos.

Bate recordes atrás de recordes , sobe na lista dos melhores marcadores da história do clube, mas nem isso é suficiente para ajudar o Real Madrid. «Capitão» de equipa, absolutamente indispensável, renova contrato e torna-se no jogador de futebol mais bem pago do planeta. Agora é também o segundo jogador do clube a receber a distinção de melhor do mundo, depois de Di Stefano.



Grande parte da carreira de Cristiano está ligada à Seleção, onde se estreou a 20 de agosto de 2003, num jogo em Chaves, frente ao Cazaquistão. Poderá dizer-se que em Zurique Ronaldo chorou de alegria a receber a sua segunda Bola de Ouro como tinha chorado de tristeza no estádio da Luz em 2004. Há dez anos lamentava a derrota de Portugal no final do Campeonato da Europa, agora emerge a imagem de superação pessoal, de resultado do trabalho no duro para alcançar a glória.

No Mundial de 2006 ajudou Portugal a atingir o quarto lugar e no Euro 2008 pouco conseguiu fazer para evitar a eliminação aos pés da Alemanha. Queiroz entregou-lhe a braçadeira de capitão e, apesar de algumas exibições menos conseguidas, Cristiando foi conquistando o respeito dos seus colegas. Na fase final seguinte de um grande torneio internacional, o Mundial da África do Sul, Portugal é eliminado nos oitavos-de-final pela Espanha, que viria a vencer o torneio. Dois anos depois, no Euro 2012, nova derrota frente aos espanhóis, na meia-final da competição, na marcação de grandes penalidades. 

Falta-lhe levantar um troféu com a camisola das quinas e muito tem batalhado para que isso aconteça. É um dos mais internacionais de sempre e o melhor marcador, mas na memória reside a fantástica exibição com a Suécia, onde marcou três golos e apurou Portugal para o Mundial do Brasil. Se alguém tinha dúvidas sobre a sua qualidade, abnegação e espírito de conquista ali estava a prova definitiva.

Ronaldo entra em 2014 com um museu em sua memória, na Funchal de sempre, mas numa zona bem mais nobre, junto ao cais de cruzeiros, para capitalizar o turismo. Recebe a segunda Bola de Ouro, emociona-se e agradece a muita gente. Pai, dá um beijo ao filho e acaricia-lhe a face com ternura. Ronaldo entrava para a galeria dos imortais e invocava duas das suas referências: Eusébio e Mandela. Um momento para a eternidade, mas que não são um ponto final de uma carreira que ainda tem muitas linhas para preencher.

TODOS OS FACTOS SOBRE CRISTIANO RONALDO

Nome: Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro
Data de Nascimento: 5 de fevereiro de 1985
Naturalidade: Funchal
Clube: Real Madrid (Espanha)

Internacionalizações «AA»: 109
Golos na seleção «AA»: 47 golos
Internacionalizações nas camadas jovens: 30 (três nos olímpicos, seis nos sub-21, cinco nos sub-20, nove nos sub-17 e sete nos sub-16)
Golos nas camadas jovens: 17 (dois nos olímpicos, dois nos sub-21, um nos sub-20, seis nos sub-17 e seis nos sub-16)

Jogos nas taças europeias: 104 (102 na Liga dos Campeões e dois na Taça UEFA)
Golos nas taças europeias: 60 (todos na Liga dos Campeões)
Jogos no Mundial de clubes: 2 (um golo)

Clubes
Andorinha: 1993-95
Nacional: 1995/97
Sporting: 1997/2003
Manchester United: 2003/2009
Real Madrid: 2009 até à atualidade

Palmarés
Torneio de Toulon, 1 (2003)
Taça de Inglaterra, 1 (2003/2004)
Equipa do ano da UEFA, 7 (2004, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012)
Presenças no Europeu, 3 (2004, 2008, 2012)
Vicecampeão Europeu, 1 (2004)
Equipa ideal do Europeu, 2 (2004, 2012)
Presença nos Jogos Olímpicos, 1 (2004)
Troféu Bravo (melhor sub-23 da Europa), 1 (2004)
Jogador jovem do Ano da FIFPro (adeptos), 2 (2004/05, 2005/06)
Taça da Liga Inglesa, 2 (2005/2006, 2008/2009)
Presenças no Mundial, 2 (2006, 2010)
Quarto no Mundial, 1 (2006)
2.º melhor jogador jovem do Mundial, 1 (2006)
Melhor jogador do ano em Inglaterra, 2 (2006/07, 2007/08)
Melhor jogador jovem do ano em Inglaterra, 1 (2006/2007)
Equipa do ano da Premier League, 3 (2006/07, 2007/08, 2008/09)
Campeão inglês, 3 (2006/2007, 2007/2008, 2008/2009)
Terceiro melhor marcador do campeonato inglês, 1 (2006/2007)
Supertaça inglesa, 1 (2006/2007)
2.º lugar na Bola de Ouro do France Football, 2 (2007, 2009)
3.º lugar no prémio jogador do ano da FIFA, 1 (2007)
Melhor marcador do campeonato inglês, 1 (2007/2008)
Liga dos Campeões, 1 (2007/2008)
Melhor marcador da Liga dos Campeões, 2 (2007/2008, 2012/2013)
Bota de Ouro, 2 (2007/2008, 2010/2011)
Jogador do Ano da FIFPro, 1 (2007/2008)
Melhor avançado da Liga dos Campeões, 1 (2007/2008)
Melhor jogador da Liga dos Campeões, 1 (2007/2008)
Onze de Ouro da revista Onze Mondial, 1 (2008)
Bola de Ouro do France Football, 1 (2008)
Mundial de clubes, 1 (2008)
Bola de Prata (2.º melhor) do Mundial de clubes, 1 (2008)
Prémio Artur Agostinho/Record (figura do ano), 1 (2008)
4.º melhor marcador do Mundo em 2008 para a IFFHS, 1 (2008)
Melhor jogador do ano da FIFA, 1 (2008)
2.º melhor marcador da Liga inglesa, 1 (2008/2009)
2.º lugar no prémio de jogador do ano da FIFA, 1 (2009)
Mais cara transferência de sempre do futebol, do Manchester United para o Real Madrid - 94 milhões de euros (2009)
Taça do Rei de Espanha, 1 (2010/2011)
Melhor marcador da Liga espanhola, 1 (2010/2011)
2.º lugar na Bola de Ouro FIFA, 2 (2011, 2012)
Terceiro no Europeu, 1 (2012)
Campeão espanhol, 1 (2011/2012)
Segundo melhor marcador da Liga espanhola, 2 (2011/2012, 2012/2013)
Supertaça espanhola, 1 (2011/2012)
Bola do Ouro FIFA, 1 (2012)

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